segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Recife não é velódromo


Outra vez mobilidade.
Enquanto houver um carro circulando nas ruas não uso bicicleta.

    Sobre esse problema advindo do aumento contínuo da frota de biciclos em nossa cidade, fato que traz um grande incremento no número de acidentes que por si já são suficientes para nos preocuparmos com a matéria, quero compartilhar minha visão de cidadão sobre a matéria.
    Essa convivência entre biciclos e demais veículos é, atualmente, uma insanidade autorizada, homologada pelos poderes públicos, cuja lógica beira o absurdo. Nos dias atuais está em evidência o assunto da mobilidade urbana. Mobilidade é a bola da vez!

    No ano passado (2012) estive visitando um parente na cidade de Brisbane, Austrália que conta com uma população muito próxima da do Recife. Não carece dizer que por aqueles lados existe também problema de mobilidade, no entanto a eficiência dos transportes públicos reduz o problema ao mínimo, não há necessidade da utilização de bicicletas nos padrões anunciados aqui no Brasil, não tem conotação de solução para a mobilidade. Então, onde está a origem do problema na nossa cidade? Resposta: Transportes Públicos. Todos sabem disso, inclusive os eleitos para cuidar do assunto.

    Honestamente não sei qual a lógica dos poderes públicos de permitir a circulação conjunta de bicicletas e motos com os demais veículos numa mesma via. Não há como garantir segurança para ciclistas ou motociclistas. Impõem-se o uso de equipamentos individuais de segurança como capacetes, luvas, sapatos especiais, roupas especiais, óculos e outros tantos itens que em verdade empresta a ilusão de segurança ao usuário. Não estou me referindo ao respeito mútuo, mas devem ser consideradas as inevitáveis eventualidades dos acidentes que certamente acontecerão. E quando acontecerem, não importando a culpa, sempre será mais danoso para o condutor mais vulnerável. São veículos que não admitem erros seja culposo ou doloso. Nem ciclista/motociclista pode errar, nem motorista. Qualquer deslize pode ser fatal. Não há equipamento de segurança suficiente para protegê-los. Aliando-se a toda essa vulnerabilidade, está a falta de educação e consciência mútuas que poderiam minimizar os efeitos, mas, insisto, não faz sentido tal convivência num mesmo espaço.

    Estão mais uma vez tentando resolver um problema criando outro mais grave, querem debitar a inaptidão dos transportes públicos tentando convencer o público a usar um meio de transporte dentro de um “globo da morte” urbano. A origem do problema já é conhecida por todos, no entanto insistimos no tema de mobilidade como se estivéssemos vivendo em metrópole planejada e controlada dentro dos padrões de razoabilidade e precipuamente desenvolvendo esforços visando o bem-estar dos seus habitantes. Apesar de contarmos com mais de cem anos de fundação, estamos ainda no “jardim da infância” em matéria de mobilidade com transportes em situação precária, mal concebidos para o tráfego, não adaptados às características das vias, somando-se a má conservação e falta de educação geral. Por fim lança-se uma “cortina de fumaça” no problema e salvem-se quem puder. Se não cuidamos das calçadas, sinalização, asfalto, arborização, urbanização, ocupação e uso do solo, logradouros públicos, paradas, altura dos coletivos, leis de trânsito, policiamento, proteção ao patrimônio público e fiscalização, como poderemos pensar em mobilidade?

Um comentário:

  1. Enquanto houver pessoas que se acham donas da verdade e das ruas simplesmente pelo fato de ter um carro, teremos um trânsito violento, intolerante e caótico como o que vemos hoje. Percebo que o autor do "texto" tem uma grave dificuldade em viver em sociedade, em respeitar as opiniões e escolhas das demais pessoas. Aconselho, na esperança de fazer algo pra melhorar o trânsito, a ter mais humildade para aceitar as verdades dos outros e tolerância para dividir o espaço público (ruas) com as pessoas (não só com carros).

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